Nestes dias veio-me na mente, o quadro narrado no Evangelho de João cap 8 dos versos 1 ao 11, onde uma mulher flagrada em adultério foi trazida a presença de Jesus por um grupo de Escribas e Fariseus, invocando a lei Mosaica para respaldar o apedrejamento da mesma.
Ante o fato, Jesus conduz a cada um dos integrantes daquele grupo, a fazer uma reflexão sobre a sua própria vida, e não mais serem simplesmente juízes daquela mulher, mas sim de si mesmo. O que os demoveu da ideia de apedrejamento.
Ante o cenário que acabei de descrever, comecei a pensar quantos cristãos, tomam a postura daquela turba, ansiosa por uma justiça que muitas vezes não queremos aplicar em nossas próprias vidas.
Rotulamos, acusamos, condenamos ressaltamos pecados, mas sempre na vida das outras pessoas, mas, nunca em nossas próprias vidas, os nossos erros pessoais e pecados de estimação sempre devem estar bem em baixo do tapete da nossa existência.
Após 15 anos servindo ao Senhor nessa Obra uma coisa sempre me intrigou, um fato muito comum, ao vermos irmãos nos chamar nos cantos da igreja e contar acerca do pecado de algum outro membro da igreja, entretanto, tem sido muito raro alguém chegar para contar acerca dos seus próprios pecados.
Outro fato interessante, é que tem sido, também, muito comum ouvir a colocação: irmão que mensagem maravilhosa, que pena que fulano não estava na igreja, sinto que tudo o que foi pregado nesta noite era para ele.
A medida da nossa santificação deixa de ser medida a partir de um referencial absoluto, Um Deus absolutamente Santo, e passa a ser aferida tomando por base referenciais relativos, as vidas das outras pessoas, comparamos sempre a nossa pecaminosidade com a do nosso irmão, e nos conformamos sordidamente quando encontramos pecadores piores do nós mesmos.
Levamos a vida cristã sempre medindo a vida do outro e nunca a nossa, parece que quando o pecado alheio é gritado aos quatro ventos, silencia momentaneamente a voz da nossa própria consciência.
Sempre clamamos a Deus por uma misericórdia sobre as nossas vidas, no tocante aos pecados cometidos, misericórdia esta, que comumente não aplicamos aos pecados alheios. Os nossos pecados geralmente têm um contexto, uma razão de ser, uma desculpa cínica, enquanto os dos outros não, são só pecados.
Muitas vezes definirmos vidas e caráter por um erro ou relativismo, contudo, esquecemos que uma vida é muito mais que uma mera atitude isolada, mesmo que boa ou má.
Por isso, saímos por nossa existência jogando pedras em vidas alheias, as pedras: do rótulo, da quebra de comunhão, do desrespeito à integridade moral, do isolamento, da falta de amor, da calúnia, da difamação, que verdadeiramente ferem e matam vidas espirituais.
Permanecemos com as pedras nas mãos, procurando em quem possamos atirar, porém os nossos pecados, permanecem ocultos, atenuados, justificados por nossas próprias desculpas, muitas vezes similares àqueles que julgamos impiedosamente em nosso próximo.
Mas se não tivermos pedras atiramos pecados mesmo, emfim causam o mesmo efeito.
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