O TESOURO DE SARDES

O TESOURO DE SARDES
Escrito por: Guilherme Stofer
Barra de São Francisco/ES

“Também o Reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo que um homem achou e escondeu; e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem e compra aquele campo” – Mateus 13:44.

“Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o (...)”  Apocalipse 3:3a.


Quando o Senhor Jesus proferiu a parábola do tesouro escondido, não havia bancos para as pessoas depositarem seus valores. Então como alguém manteria em segurança seus valores? Enterrando-o em seu campo. Assim, ainda que o dono do campo viajasse a negócios, o valor estaria seguro e seria preservado. Havia uma situação em que era comum a prática de enterrar o tesouro no campo: quando o homem recebia uma herança.


Desenvolvimento

A igreja, desde o início, tem recebido uma herança, que são os valores espirituais, a benção do Senhor e a vida eterna; herança que foi sendo transmitida ao longo da caminhada profética da igreja fiel. Em posse da herança profética e doutrinária (talentos de Deus), a igreja subsistiu espiritualmente e granjeou mais valores eternos, conforme trabalhava em nome do Senhor.

Entretanto, houve um período na história da igreja em que aquilo que eram as oposições infiltraram-se no meio da igreja, caracterizando as obras de uma igreja infiel, que caminharia paralelamente à igreja fiel. Neste ambiente disseminado de posições e ações que dispensavam a ação do Espírito Santo e a presença da fé verdadeira, os interesses humanos proliferaram-se, negligenciando a justiça do Reino de Deus.

Esta igreja infiel, que havia recebido a herança espiritual de uma igreja fiel, não necessitando dos valores daquela herança e nem almejando alcançar mais riquezas para agregar àquela herança, então a enterra em seu campo, campo de seus interesses, pois esta igreja viveria em prol de seus negócios terrenos e necessitaria empregar viagens políticas, visando influenciar mais e mais do mundo com sua doutrina contrária à palavra de Deus.

No momento em que o tesouro da igreja fiel, que é sua herança recebida do Senhor, foi enterrado, os homens estavam cientes de sua negligência em relação aos valores eternos, escolhendo antes se manterem insensíveis ao Reino de Deus e endurecem seus corações à repreensão do Espírito Santo. A partir do momento em que séculos são passados sem o reconhecimento da importância daquele tesouro, então ele torna-se esquecido, num mundo alheio à vontade de Deus e entregue nas mãos de uma igreja infiel que na verdade é onde está o trono de Satanás.

A ação daquela terra não poderia deteriorar aquele tesouro, antes ele seria preservado intacto, até o dia em que a parábola do Senhor Jesus tivesse seu cumprimento profético, onde um homem encontraria este tesouro e pelo gozo dele daria tudo por possuir aquelas riquezas, riquezas da graça. Num mundo onde o que se pregava era a salvação por meio das obras, um homem proclamaria a verdade de um tesouro que lhe havia sido revelado, expondo as riquezas da graça, capazes de comprar aquelas almas pecadoras e as remir de todo o pecado.

Pérgamo foi o período profético de transição de uma igreja que viveu a herança do Senhor fielmente até a morte (Esmirna) e uma igreja que viveu rebeldemente em favor dos interesses da carde e do adversário (Tiatira). Sardes seria o período profético de transição entre essa mesma igreja infiel e uma igreja que retornaria à fidelidade à palavra de Deus e ao reconhecimento da necessidade do Espírito Santo (Filadélfia).

Um dia um homem chamado Lutero vasculhava o campo do interesse religioso, buscando aprofundar-se, a fim de descobrir algo que lhe preenchesse o vazio do coração e lhe saciasse a sensação de culpa. Foi então que imerso nesse campo religioso que ele encontra algo que nunca havia subido ao seu coração, nunca alguém de sua época havia visto e nunca ele tivesse ouvido alguém pregar aos seus ouvidos: ele encontra o tesouro da palavra de Deus. Tesouro este que incendiou o coração de Lutero com um gozo inefável, o gozo do arrependimento por viver dedicado a se sujar naquelas terras da religião, o gozo do perdão pelas riquezas da graça do Pai, o gozo de ver a Jesus revelado na palavra, o gozo de descobrir no Espírito Santo um amigo fiel e verdadeiro.

Naquela experiência ele satisfaz sua alma como nunca antes, então decide-se por não apenas ter vivido aquela experiência, e sim por viver aquela experiência sempre como forma de vida. Decide-se por comprar aquele campo, não pelo campo, que não possuía valor em si mesmo, mas pelo tesouro que jazia esquecido naquele campo. O fato de o campo estar à venda revela que o império religioso daquela época não mais dava a mínima importância para qualquer valor que por ventura pudesse haver naquelas terras, trocando assim a benção por valores ínfimos.

Entretanto, Lutero sabia qual era o real valor daquele campo, era alto, muito alto, pois tão somente nele havia um inestimável tesouro: a benção, o perdão, a alegria, a felicidade, a vitória, a profecia, enfim, as riquezas da graça. Que valor Luteria poderia ter em sua vida que fosse capaz de lhe adentrar aos benefícios de toda aquela graça, sem que sua consciência continuasse a querer esforçar sua carne a fim de se tornar digno e merecedor daquele valor? Havia um valor que poderia levar Lutero a alcançar aquela posse e ao mesmo tempo aliviar sua consciência, sabendo que nada mais restaria a ser pago por todo aquele valioso tesouro: a fé.

Por meio da fé em Cristo Jesus e em seu precioso sangue, Lutero sabia que o homem poderia receber das mãos do Senhor uma herança que um dia foi rejeitada pelos indignos religiosos orgulhosos e que agora seria dada àquele que fosse feito digno mediante a lavagem e remissão pelo sangue do Cordeiro, por meio da fé genuína. Lutero sabia que vender todos seus valores terrenos por meio da fé para alcançar a graça da palavra de Deus não é pesado para a alma jubilosa, pois pela fé ela já se vê desfrutando de uma formosa herança, de um valor excelso, de um tesouro eternal que sobrepuja de maneira transcendente os valores desta vida.

Conclusão

O cumprimento da profecia da parábola do tesouro marca o início profético de uma igreja chamada Sardes, que lançaria mão da herança de Éfeso e Esmirna para viver a palavra e morrer por ela. Sardes recebeu por meio do tesouro os talentos do Senhor, e granjearia outros talentos de tal forma que agregaria notáveis valores eternos à herança que transmitiria à Filadélfia. O conselho do Senhor para a igreja de Sardes era para que ela nunca se esquecesse do que recebeu das mãos do Senhor, do que o Espírito Santo revelou ao seu coração; para que ela guardasse a pérola de grande valor e que jamais vendesse sua herança.

Se hoje a igreja fiel do Senhor recebe uma herança profética é porque um dia nos passos da caminhada eterna da igreja houve um povo que guardou o que recebeu do Senhor, não se esqueceu, não enterrou e muito menos trocou seus valores espirituais.

“Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós”  II Co 4:7.

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