Um dos personagens mais odiado da Bíblia é Judas Iscariotes, o fato do mesmo ter vendido Jesus por trinta moedas de prata o faz, em nosso conceito de cristianismo, realmente execrável.
Longe de mim, querer-me arvorar em sua defesa, até mesmo porque não pegaria bem para um Obreiro advogar a causa de alguém que no senso comum o desprezo por ela é ponto pacífico.
Realmente a venda de Jesus por Judas Iscariotes é carregado de sentido a cerca de que o Cristo representava para ele, o traidor não só negociou e abriu mão de uma pessoa, mas, antes de qualquer coisa, Judas estava desprezando a mensagem, o convívio surpreendente, o amor manifesto, a esperança que brotava do coração de Deus, em fim, de andar com o Emanuel (Deus Conosco). Por tudo isso, sobra-nos razões para odiar tão sórdida existência.
A sórdida atitude do desprezível Judas me faz refletir a respeito do sentido e significado que Jesus tem para os discípulos do século XXI, já que a traição não é cabível para aqueles que nunca firmaram uma aliança. A traição só firma, e pode se firmar, entre pessoas que entrelaçaram de alguma forma as sua existências. conviveram, andaram juntos, estabeleceram uma confiabilidade, é por isso que Judas tem muito mais a falar com a Igreja, de que com aqueles que sempre estiveram longe do mestre.
Fico imaginando quantas pessoas tomam uma decisão ao lado de Jesus, declaram seu senhorio, fazem a escolha existencial de andar ao lado do mestre, ou seja, em linha gerais são, pelo menos teoricamente, discípulos de Cristo. Contudo, negociam o Senhor Jesus Cristo por um preço muito menor que as trinta moedas de prata recebidas por Judas.
São pessoas que estão ou estiveram nas igrejas, contudo, e relativizam ou relativizaram a pessoa do Mestre e seus ensinamentos, diante de seus dilemas existenciais, abrindo mão da verdade para abraçarem idéias mais convenientes, negam a sua aliança com Deus diante das ofertas do mundo.
Para Judas Jesus valia trinta moedas de prata, para muitos “discípulos” talvez Cristo deva ser vendido por bem menos, como por exemplo:
1) Muitos trocam Jesus por amigos, se envergonhando de se declararem Cristãos em ambientes desfavoráveis;
2) Trocam a verdade de Cristo, por sua verdade, estabelecem um Evangelho do eu, em detrimento do de Jesus;
3) Trocam Jesus por momentos efêmeros de prazer, no anonimato da Internet;
4) Trocam os princípios ensinados por Cristo pelo sucesso pessoal ou ministerial;
5) Quebram a aliança com Cristo diante de qualquer proposta mais vantajosa ofertada pelo mundo.
A traição e a negociação da pessoa de Jesus na comunidade dos discípulos do século XXI não vem acompanhada de um beijo como a de Judas, mas vêm misturada de canções sem sentido, palavras de adoração sem valor e culto como mera formalidade.
Acho que se Jesus estivesse diante do apedrejamento que realizamos da pessoa de Judas, talvez Ele viesse a declarar para muitos: quem nunca foi Judas, negociando a minha pessoa e o meu Evangelho, que atire a primeira pedra,
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